Hoje o nosso garimpando está um pouco maior, mas bem especial. Conheci o trabalho da estilista Rita Prado através da internet, aliás, a Patrícia a conheceu e me mostrou. De cara me apaixonei, por cada detalhe, cada inspiração e referência. A Rita tem uma marca que leva seu nome, fotografa, cria, e faz mais um milhão de coisas luz. O gosto pela criação vem desde a infância, já que sua bisavó e avó eram costureiras, sua mãe teve a mesma profissão por um bom tempo e a mostrou todos os detalhes fazendo nascer uma grande paixão por tecidos, botões e roupas sob medida. Crescer em um meio extremamente inspirador desses não poderia dar em outra coisa, a moça acabou enveredando por caminhos adjascentes até desenvolver a sua própria marca. E hoje vamos conhecer um pouco mais dessa marca, dos produtos e da história da estilista.
VintageGuide: Como foi seu primeiro contato com a moda?
Rita: Meu primeiro contato foi mesmo na infância, mas me lembro bem que na adolescência já customizava roupas, desenhava croquis, criava as minhas próprias peças e sempre tinha uma amiga ou prima que queria ter uma igual a minha. Com 15 anos fui contratada por uma agência de modelos e conheci os bastidores de desfiles, catálogos e fábricas. Com 18 anos comprei minha primeira máquina fotográfica e comecei a imprimir o meu olhar sobre o mundo, neste tempo passei a fotografar para empresas de moda produzindo e fotografando campanhas e catálogos para alguns Estados. Fiz faculdade de Direito, mas não quis seguir a carreira até que em 2007 conheci a SPFW e voltei decidida a abrir minha loja, três meses depois recebia desconhecidas no meu quarto onde improvisei uma arara e coloquei as peças no Orkut. Passou tudo muito rápido!
VintageGuide: Quais suas maiores inspirações?
Rita: Minha maior inspiração são personagens, da vida real e do cinema. Gosto de dar nomes de personagens marcantes na minha vida às peças, isso vai desde uma amiga do jardim de infância que eu não vejo há vinte anos aos personagens inesquecíveis da Audrey Hepburn no cinema. Minhas inspirações são histórias, isso inclui as que eu imagino em transeuntes de blogs estrangeiros.
VintageGuide: O que você considera ser a identidade da sua marca?
Rita: A minha marca é o meu mundo: meu quarto, meus livros, meus filmes preferidos, minhas fotografias, meus amores, as mulheres que são partes da minha vida. Em cada peça criada mergulho fundo numa história, daí não tinha outro nome para ela ter senão, Rita Prado.
VintageGuide: Adoramos seu trabalho de Conclusão de curso, pode nos falar um pouco sobre ele?
Rita: No meu TCC a gente tinha que escolher uma etnia e criar em cima dela. Eu fui buscar inspiração na comunidade inglesa. Tive que estudar muito por que na época do trabalho eu ainda não tinha conhecido a Inglaterra e o modo de viver britânico. Como sou fã de bandas inglesas mergulhei fundo no mundo do rock e fiz minha apresentação baseada em documentários, livros e discos inesquecíveis. Escolhi seis bandas com seis olhares diferentes para o cenário de cada década, tanta diferença dentro de um mesmo país e mais ainda de um mesmo gênero, o mais genuíno rock and roll. Busquei a raiz de cada tribo e fiz looks que uma menina que consome Rita Prado se identificaria.
(Confira o trabalho completo aqui.)
VintageGuide: Como você desenvolve a relação música/moda e cinema/moda nas suas coleções?
Rita: Geralmente eu faço mais uso da relação cinema/moda. Eu amo filmes. Eu amo descrições. E quando assisto a um filme eu me atento principalmente ao roteiro e à fotografia. Dali viajo em cores ou na falta delas, ou ainda em personagens femininos, cheios de densidade. Interpretação, enredo e produção ficam em segundo plano. Eu gosto de sentir coisas que a minha vida não me proporciona e o cinema, assim como a literatura me permitem sair de mim. Permitem-me viver um personagem que eu mesma interpretei à minha maneira. Transmito tudo a uma peça, às vezes explico às clientes, às vezes fica só em mim. Fiz uma coleção inteira com as letras de Chico Buarque. Se chamou As Mulheres de Chico. Todas as roupas levaram nomes de canção. Os tecidos pareciam cantar aquelas histórias.
VintageGuide: E o vintage, sempre está presente nos seus trabalhos? Quais suas preferências/referências?
Rita: Eu nasci nos anos 50, tenho certeza. Amo tudo que é antigo, que tem uma história. Isso vai da música ao design e com as roupas não podia ser diferente. Posso dizer que 80% da minha inspiração venha de outras décadas ou no máximo de minhas lembranças da infância. De moderna eu só tenho mesmo aquele espírito feminista de que eu posso fazer tudo sozinha. Em todas as outras áreas da minha vida eu sou bastante conservadora, tradicionalista. Sou muito art noveau, cursiva. Vejo arte em tudo e quando não vejo, invento.
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